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Despertando o olhar artístico: um caminho para a desconstrução estética na arte
(2024) Cunha, Leticia Gonçalves Guedes da; Njaime, Erika Machado
O ingresso de um educador de Artes em sala de aula atualmente frequentemente se depara com uma resistência por parte dos alunos em relação à prática do desenho. Esta relutância não surge de uma falta de criatividade, mas sim de um conflito em torno do conceito de "saber desenhar". O desenvolvimento de um senso crítico, influenciado por interações com pessoas mais velhas e com o mundo ao redor, atribui um valor estético à arte infantil e adolescente, onde a beleza é concebida como realista e sem falhas. Este paradigma estabelecido na sociedade coloca uma pressão sobre os jovens artistas, levando-os a se sentirem excluídos quando não conseguem alcançar esse padrão estético. Este ensaio analisa as lacunas no ensino de arte que surgem devido aos valores estéticos predominantes na sociedade, que muitas vezes suprimem a expressão artística genuína das crianças e adolescentes. Propõe-se um diálogo com os grafismos espontâneos das crianças, destacando a importância da experimentação. Ao compreender as tendências do grafismo infantil, é possível identificar diferentes estágios de desenvolvimento que caracterizam a expressão artística em idades específicas. Esses estágios, desde a rabiscação desordenada até a figuração realista, destacam a evolução das habilidades artísticas e cognitivas das crianças. A atividade realizada em uma escola particular no Rio de Janeiro buscou estimular os alunos a reconhecerem como as expectativas de transição entre os estágios de desenvolvimento podem restringir sua criatividade. Este estudo destaca a importância de reconstruir abordagens educacionais que valorizem a expressão individual e promovam a autoconfiança, em vez de enfatizar modelos predefinidos de perfeição estética.
Sabores de África na cozinha brasileira: a presença africana em livros de receitas do século XIX
(2025) Rodrigues, Danielle Lima; Onofre, Gabriel da Fonseca
No presente trabalho proponho a discussão em torno do apagamento da culinária africana nos principais livros de culinária do século XIX: “Cozinheiro Imperial’’ datado na primeira publicação de 1840 e “Cozinheiro Nacional’’ com data de publicação desconhecida. O objetivo é analisar a forma na qual a influência da culinária africana foi retratada nas obras e como ela participou do processo de construção da identidade brasileira que estava em ascensão no século XIX. O que procuro mostrar é o silenciamento da abordagem ou as poucas incidências da culinária africana em obras que dizem ter o propósito de construir a culinária brasileira. Ainda nessa questão, mostrar que a influência africana na busca pela identidade legitimamente brasileira vai além do seu passado de escravidão, mas reafirmar aspectos positivos dessa diáspora, sendo a culinária um deles. Numa perspectiva historiográfica, busca ainda discutir como os livros de receitas aparecem nas investidas para a construção da identidade nacional e a forma que os preparos africanos se inserem nesse processo.
Os perigos da doxa sobre a história da África: valorização da cultura africana entre crianças do Complexo da Maré
(2023) Rolemberg, Viviane Santos; Coutinho, Gabriela dos Santos
O presente trabalho tem o objetivo de relatar minhas experiências como professora de um projeto social localizado no Complexo da Maré (RJ), com metodologia própria para atender às dificuldades de aprendizado resultantes da violência armada, relacionando reflexões teóricas feitas no decorrer da pós-graduação em Ensino de História da África no Colégio Pedro II sobre a doxa que envolve o continente africano. Os referenciais bibliográficos estão nos conceitos e teorias do perigo da história única de Adichie (2019); na importância do ensino de história calcado na lei 10639/03, segundo Munanga (2015) e Santos (2018); nos postulados de Gomes (2005) sobre as relações étnico-raciais no Brasil; e nos pactos narcísicos da branquitude formulados por Bento (2005). O trabalho foi desenvolvido em cinco encontros com estudantes do projeto social para discutir, de forma lúdica e tecnológica, sobre o continente africano e as histórias dos seus ancestrais, com a finalidade de despertar neles um sentimento de pertencimento.
A invisibilidade do negro na indústria televisiva nacional brasileira na década de 1990
(2023) Faria, Rodolpho Silva Barbosa de; Côrtes, Alex Sandro Barcelos
Durante muito tempo os povos afro-brasileiros sofreram apagamento na televisão brasileira. É importante entender que desde o fim do processo escravocrata em nosso país em 1888, os negros passaram a ter suas vidas silenciadas, esquecidas ou não reconhecidas dentro dos planos de governo, contribuindo para que nas décadas que se seguiram, atrizes e atores negros atuassem em papéis subalternos e estereotipados dentro da televisão brasileira. O objetivo central do trabalho é fomentar a discussão sobre a importância do reconhecimento que o negro pode ter e ocupar dentro da indústria televisiva do país, podendo ser personagem principal e protagonista da história sem carregar estereótipos antigos. Propõe-se como objetivos específicos: descrever a história da televisão no mundo e no Brasil; analisar e denunciar a existência de um racismo estrutural velado, baseado nos estereótipos dos negros como o principal causador da invisibilidade no mercado audiovisual e como determinante no apagamento do corpo e do talento negro nas teledramaturgias na década de 1990, e por fim, destacar a importância da imagem do negro no cenário televisivo nacional.
História da África e da diáspora: perspectivas da arqueologia para o ensino de história
(2023) Sá, Renata de Góes Barbosa de; Costa, Lívia Scheiner
A Educação Patrimonial é um dos princípios que norteia as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações Étnicos-Raciais e para o ensino de história e Cultura Afro-Brasileira e Africana que propõe, através da educação, iniciativas pedagógicas antirracistas para o estudo do patrimônio. Em consonância com tal princípio, observa-se a necessidade de uma construção crítica nas ações de Educação Patrimonial de modo que haja um letramento étnico- racial do patrimônio arqueológico. A partir disso, o objetivo geral desta pesquisa, foi apresentar uma história vista de baixo com enfoque nas relações étnico-raciais e de gênero a partir da apresentação da cultura material africana e afrodescendente como possibilidade de fonte a ser instrumentalizada no ensino de história. Metodologicamente, foi feito um mapeamento bibliográfico de artigos, monografias, dissertações e teses com a temática da Arqueologia da Diáspora Africana acerca de sítios arqueológicos da cidade do Rio de Janeiro. Com o desenvolvimento da pesquisa, foi proposta uma sequência-didática a ser implementada a partir da realização de duas oficinas para turmas da educação básica, a fim de averiguar a viabilidade de interlocução entre a arqueologia e o ensino da história. A primeira seria uma oficina teórico- prática, explicando o trabalho e o papel do profissional de arqueologia no Brasil e a segunda oficina seria uma aula de campo para visitação a três sítios arqueológicos considerados como possíveis cenários para as aulas: o Sítio Arqueológico Cais do Valongo, o Sítio Arqueológico Rua das Marrecas e o Sítio Arqueológico Rua da Assembleia, que são espaços de memória que remetem à circulação de transeuntes africanos e afrodescendentes na cidade do Rio de Janeiro entre os séculos XVIII e XIX. No geral, esta pesquisa é uma oportunidade de observar a interdisciplinaridade presente na história e na arqueologia, trazendo múltiplas fontes para sala de aula que vão além de relatos orais, documentos escritos e fontes etnográficas, mostrando que a cultura material também é fonte passível de ser estudada e pensada desde a educação básica.